Artigo: Os sinais da recuperação
Por Roberto Freire, para o Diário do Poder
Apesar de
todas as dificuldades enfrentadas em decorrência da herança perversa deixada
pelos governos anteriores, o Brasil começa a experimentar o início do que pode
se configurar uma tão esperada e necessária recuperação de sua economia. A essa
altura, já não são poucos os indicadores que apontam para uma retomada, o que é
resultado direto da responsabilidade e da racionalidade adotadas na condução
política econômica.
Uma
das medidas mais acertadas foi a liberação de saques do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS), determinada ainda no fim do ano passado pelo
presidente Michel Temer. As estimativas indicam que mais de 30 milhões de
trabalhadores que pediram demissão ou foram demitidos até 31 de dezembro de
2015 sejam beneficiados em todo o país. Ao todo, os recursos totalizam R$ 43,6
bilhões referentes a nada menos que 50 milhões de contas inativas.
Segundo
dados parciais divulgados pelo Ministério do Trabalho, a primeira fase da
liberação de saques do FGTS já contemplou mais de 3,5 milhões de brasileiros
neste ano. O contingente de trabalhadores que já sacaram o dinheiro corresponde
a 70% do total de pessoas que poderiam ser beneficiadas, de acordo com o
balanço atualizado no fim do mês de março.
Para que
se tenha uma ideia do que pode significar essa medida em termos de
reaquecimento da economia, serão mais R$ 11 bilhões injetados somente nessa
segunda etapa de saque. Dados divulgados pela Caixa Econômica Federal
referentes ao mês passado apontam que cerca de 5 milhões de trabalhadores sacaram
o saldo de FGTS de contas inativas – o que corresponderia a R$ 6,9 bilhões
retirados dessas contas.
Além
disso, talvez o dado mais alentador para a economia brasileira seja a
perspectiva de um bom desempenho do agronegócio. A previsão da safra para a temporada
2016/2017 é de 217 milhões de toneladas, ante 186 milhões do período anterior.
De acordo com a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil
(CNA), a estimativa de crescimento do setor para este ano é de 2%. O mais
importante é que esse movimento não se reflete apenas ma projeção da safra, mas
também na própria indústria, que registra um crescimento expressivo da venda de
tratores e máquinas.
Outro
importante indicador de que o Brasil, finalmente, parece ter voltado aos
trilhos diz respeito ao setor automotivo. Após três anos consecutivos de quedas
nas vendas, o cenário começou a mudar no último mês. Segundo a Associação
Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foram licenciados
quase 190 mil veículos apenas em março, representando um crescimento de 5,5% em
relação ao mesmo mês de 2016. A última vez em que as vendas de um mês
específico haviam superado as registradas no mesmo período do ano anterior foi
em fevereiro de 2014.
Ainda no
setor automotivo, a produção fechou o mês de março com quase 235 mil unidades
fabricadas. Se compararmos esse índice com aquele que foi registrado em março
de 2016, constatamos uma alta de 1,8%. E há mais: apenas no primeiro trimestre
de 2017, foram exportados 172.693 veículos, o que representa uma expressiva
elevação de 69,7% em relação ao ano passado.
Ao
contrário do que alguns poderiam imaginar, até mesmo a Petrobras, tão
vilipendiada durante os 13 anos de governos lulopetistas, vem trilhando um
caminho rápido e inequívoco de forte recuperação econômica e, sobretudo, moral.
Na última segunda-feira (10), a agência de classificação de risco Moody's
anunciou a revisão da nota de crédito da empresa, que subiu do índice B2 para o
B1. Em fevereiro, outra agência relevante no cenário internacional, a Standard
& Poor's, já havia melhorado a nota da estatal. De acordo com o relatório
da Moody's, "a gestão da Petrobras mostrou comprometimento com suas metas
financeiras e operacionais, como visto em operações de refinanciamento recentes,
na disciplina no uso do caixa, no crescimento da produção e na queda dos
custos".
Não
devemos nos iludir ou alimentar expectativas fantasiosas de que o país tenha
condições de superar definitivamente a crise em um passe de mágica. É evidente
que ainda há um longo caminho a ser percorrido, mas o governo Temer já oferece
aos brasileiros a possibilidade de vislumbrar um futuro mais digno. Após a
maior recessão de nossa história, a economia finalmente avança.
Roberto
Freire é ministro da Cultura
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